sábado, 20 de novembro de 2010

...Desapaixonado...

Encontra-se incrédulo. Ele ainda hoje ainda, não sabe como num golpe de paixão cega, tudo se tornou num ódio irreversível. Ficou pasmado quando viu o amor que pairava naquele momento sob o céu e o mar; mas ainda assim não iria ser capaz de perdoar aquela gaivota sensível, que voava de acordo com o vento; ultrapassava as colinas com ternura, e não se sabia defender das grandes garras que esperavam pelo clímax da situação de fraqueza, para se aproximarem dela.
Não teve pena, e num toque de insolência, atirou tudo para o chão, desmantelou aquele amor impossível, e que não era suportável, por ninguém. Não soube reflectir, não soube voar mais alto. Gaivota que não sabe voar, é simplesmente banal e comum. Já, gaivota que adora a sua vida, que adora viver o simples e o amanhã sem olhar para trás, é difícil de encontrar num céu azul e tão imensamente grandioso. Entusiasmado, mas triste, num passo de magia sob tudo e todos, abandonou, aquela gaivota que pousava sempre no mesmo pedaço de areia molhada, aquela gaivota faminta, que precisava da sua atenção para se auto-desenvolver.
Um pontapé num animal, bem executado e no momento exacto, nunca é desperdiçado quando se sabe que daquela gaivota não provém dali nenhum futuro consciente.
Desesperadamente ele, desapaixonou-se desta feita para sempre, pelo menos por aquela gaivota imensamente triste.

Sem comentários:

Enviar um comentário